A primeira impressão que causa a palavra “avivamento” pode não gerar muita credibilidade no nosso âmbito católico, porém, é somente uma má impressão. Precisamos recuperar os termos e significados que dizem respeito ao Cristianismo inteiro, e quero crer que a realidade presente neste termo nos seja necessária também hoje. Precisaríamos apenas do que os escolásticos chamavam de “Aclaratio terminorum”, isto é, esclarecer bem o termo.
O Avivamento é o mover histórico e profético do Espírito Santo em todos os povos, culturas e em todos os tempos. É uma graça que provém do Trono do Pai e do Coração do Filho. Para nós, católicos, pode ser mediada também por Maria, mulher cheia do Espírito Santo, e sem a qual a Igreja não percebe plenamente a graça de Pentecostes. O Avivamento é um Dom Trinitário e uma Graça Eclesial!
Em sua quarta carta ao Papa Leão XIII, pedindo a renovação da Igreja e o retorno ao Espírito Santo, a Beata Elena Guerra (1835-1914) falava de um “reavivamento universal para tantos cristãos tíbios”. Acredito também que quando o Vaticano II, na Lumen Gentium 8, fala que a Igreja precisa “sempre da necessidade de purificar-se” e que “busca sem cessar penitência e a renovação”, é uma forma de dizer: A Igreja precisa sempre de avivamento!
O Avivamento é sempre o despertar do Espírito em indivíduos que se abrem a Deus em épocas relativamente difíceis. É sempre uma iniciativa do Espírito que acaba gerando uma renovação espiritual, incidindo de alguma forma com algum tipo de reforma social, sempre em oposição às estruturas de pecado e morte.
O Avivamento é um poderoso derramar-se do Espírito. E por isto, ele acompanha toda a história da salvação. Da ação do Paráclito na criação até a constituição da Igreja de Cristo na era apostólica, Deus nunca privou a humanidade de chuvas de avivamentos.
Avivamento é o que Aparecida pede quando afirma: “Necessitamos de um novo Pentecostes!”. E ainda: “Esperamos um novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; esperamos uma vinda do Espírito Santo que renove nossa alegria e esperança”.
O Avivamento é também um movimento de santidade na medida em que o Espírito comunicado gera novos homens e mulheres de Deus para um mundo novo. Gera no crente a certeza de fé que Deus é o amigo do homem, sente-se a presença do Senhor de maneira excepcional, misteriosamente visível. São como ondas espirituais que se derramam no coração e na vida como no tempo dos apóstolos. O Avivamento é o Espírito vivendo ativamente no coração do crente que lhe é dócil! Avivamento não é sentir, mas saber que Deus está em mim e eu estou em Deus. E isto é obra do Espírito!
Acrescento algo as características do avivamento até agora citadas, que li de uma literatura protestante: “Para o avivamento acontecer na vida de um crente ou de um grupo de crentes, precisa haver arrependimento. No passado, quando um avivamento acontecia, as pessoas eram confrontadas pelo seu pecado e o confessavam. Até que isso ocorresse, ninguém era avivado”. De outra maneira, podemos dizer que o avivamento é uma graça também para o arrependimento e a mudança de vida, a conversão. Tal avivamento pode mudar um indivíduo, uma família, uma Igreja, uma comunidade, os povos do mundo…
E por falar desta experiência no mundo protestante, o Avivamento, acabou sendo a principal ferramenta de trabalho do Pentecostalismo, movimento carismático cristão que estava destinado a mudar a face do Cristianismo do século XXI. Interessante hoje é saber que mesmo entre os carismáticos protestantes, se reconhece o protagonismo de Leão XIII e Elena Guerra como os iniciadores do século XX, conhecido por eles como “o século do Espírito Santo”. Isto é prova que o autêntico avivamento passará sempre pela verdadeira Igreja de Cristo e chegará as outras comunidades cristãs não católicas através da oração cristológica e pentecostal da nossa Igreja. Afinal de contas, o Espírito sopra onde quer e o avivamento não é monopólio de católicos ou protestantes. Ele está destinado a todos os homens e mulheres que estejam de coração aberto para receber o Doce Hóspede da Alma.
O desejo ardente de ver a glória de Deus, me disse um dia uma mulher carismática católica, o desejo de vê-lo face a face é uma das chaves mais importantes para o avivamento e para o cumprimento dos propósitos de Deus sobre a Terra.
Em outra ocasião ela me disse: “Só experimentamos um avivamento, quando algo que estava morto, volta à vida”. Sim, irmãos, o avivamento é o mover sobrenatural do Espírito, Senhor que dá a vida, tocando novamente o natural para restituir a vida divina no coração do homem freqüentemente saqueado pelo demônio e seus anjos.
O Avivamento, enfim, passa pelo sofrimento. Não existe avivamento sem dor…Existe um preço pelo avivamento. Estamos dispostos a pagá-lo? E tenho a ligeira impressão que o pagamento começa dentro de nossas próprias casas (em nossas famílias) e dentro da casa do Espírito, que é a Igreja.
Que o Espírito nos faça instrumentos seus para que um novo avivamento venha logo sobre a face da terra, reacendendo em nós a chama que o mundo busca apagar e que Jesus quer espalhar sobre o mundo todo.
Em Cristo e no Espírito,
Por Padre Dudu
@dudueduardobraga